Um projeto Teamway

Mostrar mensagens com a etiqueta força de vontade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta força de vontade. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

NA PRIMEIRA PESSOA: Marisa Lino



O Vitamina-te foi criado para pessoas reais que procuram resultados extraordinários. «Na Primeira Pessoa» é a rubrica de testemunhos. Hoje deixamos-vos o texto da nossa amiga Marisa Lino, que mostra o que é ter uma mente vitaminada!


Os meus desafios são muitos. Mas são grandes porque a minha capacidade de os atingir, porque sei, também é grande. Nasci com uma deficiência motora. Um vírus que a minha mãe apanhou aos quatro meses de gestação.

Tinha tudo para não dar certo. Os meus pais não estavam à espera de uma filha com problemas. Ninguem lhes disse ou simplesmente não quiseram dizer. Mas nasci.Não foi fácil, mas nunca nada na vida dos meus pais foi fácil. Eu vim apenas ao mundo para os pôr à prova. E consegui. Eles conseguiram. Hoje estou cá. Consigo fazer aquelas coisas que os médicos, a maior parte deles não percebem nada de doenças, diziam que eu não ia ser capaz.

Consigo comer. Escrever. Falar. Só não consigo andar. Mas não faz mal. Porque é que se tem de andar apenas com os pés? O que nos faz voar não são os pés, mas sim a nossa cabeça. Nós queremos, logo nós podemos. É certo que não vivemos num País fácil. Mas desde que nascemos que não é fácil. Não faz mal. Juntos conseguiremos aquilo que queremos.

O que mais me custa é viver num País que eu sinto que não me pertence. Não pertence à pessoa que me tornei. Tenho vários sonhos, mas até chegar a eles tenho que passar por demasiados obstáculos que me são postos à frente lá fora.

Quando era pequena queria estudar. Estudei como é óbvio. Mas foram muitas as escolas a que fui bater e que não estavam praparadas para me receber. Senti-me uma coisa que aterrou aqui vinda de uma galáxia. Gente eu só precisava de ajuda para ir à casa-de-banho! Sim, também tenho necessidades a fazer. Durante a escolaridade foi assim. Paciência. Não foram mais teimosos que eu, consegui concluir o 12º ano.

Agora sou adulta. Quase 30 anos. E quero trabalhar. Fora de casa de preferência. Ver gente. Sentir cheiros. Ouvir sorrisos. Mas e oportunidades? Não há. Para ninguém. Para mim muito menos. Por mais que me esforce, que me mostre, elas não exisem. Nunca trabalhei, mas quis e quero. Ainda estamos muito atrasados a nível de mentalidades. Olham para mim, para nós e a primeira palavra que lhes vai à cabeça é “coitadinhos”. Coitadinho é corno, como se costuma dizer. Não andamos. Só! A cabeça funciona na perfeição.

Não sou eu que sou deficiente, são os outros que me vêm como tal. Eu acordo todos os dias da mesma forma. A primeira coisa que faço é sentar-me na cadeira de rodas. Não acordo todos os dias e penso: “sou deficiente”. Não! Atrás de uma cadeira de rodas está uma pessoa. Eu!

Não me queixo. Não posso. Olho para o lado e vejo coisas piores. Pessoas piores. A passarem bem mais necessidades do que eu. Sou uma privilegiada.

Não tenho carro, nem carta. Não quero. Prefiro andar de comboio. De autocarro. A pé. Prefiro chatear esses trabalhadores. Fazê-los ver que sou/somos gente. Pessoas!

Hoje tive a confirmação de mais uma barreira que consegui eliminar. Vou ter a tão desejada plataforma elevatória para as escadas do prédio onde vivo. Durante muitos anos, até agora digamos, para sair e entrar em casa estava dependente da condição física do meu pai e da sua disponibilidade. Mas isso vai acabar. Com a plataforma vou ser um pouco mais independente. Vou poder sair sempre que quiser da forma mais autónoma possível. Estou tão contente. Mesmo! Mais um motivo para ter orgulho em mim. Porque nós também podemos ter orgulho em nós.

A vida não é nada se nós não quisermos. Temos de acreditar em nós. E nos outros.
Sentados ou em pé, não importa. Nós queremos. Eu quero. Ser feliz!

Podem ler mais sobre a Marisa na sua página!

ESPALHE SAÚDE!

SENTIRES-TE BEM É NATURAL!